Eu, Gaspar

Está esperando o que? Um convite de letras douradas para visitar?

E como eu acredito em sonhos e não em planos, precisava retribuir à vida tudo que ela me deu, por isso resolvi abrir a minha casa e dividi-la com vocês.

Viajei pelo mundo, conheci muitas pessoas, vi muitas coisas, mas nada era igual ao Rio de Janeiro, aos cariocas, ao chopp gelado e ao galeto de meu pai, que anos mais tarde descobri se tratar de uma receita secular que era passada de geração para geração.

A adoração pela comida herdei de mamãe, de papai o gosto por um bom papo. Casa grande, família enorme e muitos amigos sempre foi pretexto para festas e para alimentar esse povo todo meu pai preparava os galetos na brasa, minha mãe os acompanhamentos. Sempre era o primeiro da fila para comer e para repetir.

Menino! Cuidado com a panela, você vai se queimar!

Brinquei de roda, de amarelinha, de pique, soltei pipa, andei de carrinho de rolimã e joguei peão, mas largava tudo pela comida de minha mãe. Como era cheirosa.

Me criei na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Desde cedo gosto de gente. Mamãe falava que sempre fui ¿um menino simpático¿. Meu pai contava aos amigos que não conhecia ninguém mais gente fina do que seu filho¿, no caso EU.